Se observarmos indicadores educacionais brasileiros, vamos falar dessa vergonha nacional e teremos horas e horas de discussões intermináveis propondo soluções falíveis e infalíveis. O Estado do Rio Grande do Sul, também, tem sua proposta, na atual gestão educacional, chefiada pela secretária Mariza Abreu que, além de lamber todos os escritos da governadora, parece querer ISO para a educação gaúcha através de terrorismo.
Não sou contra a qualidade de gestão, mas um secretário de Educação deve ser, antes de qualquer coisa, aliado de seus funcionários, não o seu algoz. Pois é aqui que vemos “o novo jeito de governar”, contemplando diretamente o que propunha em candidatura a governadora. Esse novo jeito quer ter cara de diretoria de grande empresa, mas a verdade é que a própria governadora nunca geriu nada, foi professora de universidade e, diga-se de passagem, muito mal falada. A atual secretária de Educação de Estado, todavia, foi escorraçada da prefeitura pela qual foi convocada a ser, também, secretária de Educação anteriormente, deixando seu cargo antes da metade do governo. Um fiasco, praticamente, na referida cidade.
Após menos de um ano de chefia dessa secretária, dona Mariza, estamos vivendo um terrorismo em escolas públicas estaduais. É óbvio que sempre houve irregularidades e problemas — o próprio governo anterior fez uma porção de irregularidades legais e todo mundo agora precisa recorrer à Justiça para não ser lesado –, mas ainda não se tinha visto terrorismo. E não estou exagerando!
Começamos o ano letivo com a secretária dizendo que não tem como resolver o transporte escolar. A zona rural que se ferre e nem estude, oras. Em reunião com a própria secretária, na escola onde trabalho, no primeiro dia de aula, ela disse que não entendia toda essa comoção pública com o transporte escolar, já que, quando ela era aluna, ninguém reclamava por causa disso. O que ela esqueceu de dizer é que, na época dela, transporte escolar público não era lei, nem obrigação dos governos; hoje — ou melhor, há 11 anos — é.
Outra aberração é a avaliação do ensino. Não, não sou contra avaliar o ensino, muito antes pelo contrário. Mas um Estado que reclama que não tem dinheiro nem para comprar o remendo das calcinhas fica torrando verba para fazer à moda miguelão um teste besta. Besta, porque no mesmo período o Governo Federal está fazendo um teste com indicadores nacionais. Os procedimentos da avaliação nacional são tão bons, que pode-se ver pela internet o ranking da Escola: comparando-a com sua cidade, seu Estado e seu País. Mas não importa. A secretária quer fazer sua própria avaliação, ao invés de pagar o repasse das Escolas, dinheiro que serve para manter uma escola pública funcionando.
Há, também, os cursos de diretores, que seriam muito bons, se não fossem apresentações que culminam com provinhas de marcar. O sujeito que é diretor de Escola tem mil pressões para resolver, mil exigências diárias e, como se não houvesse mais nada a fazer, pára um dia de sua vida para fazer provinha de marcar. Ora, vá plantar batatas o sujeito que inventou isso!
Agora, a última notícia que tive é a mais decepcionante. A secretária, que não tem mais o que inventar, avisou que vai acabar com o desvio de função. O que é o desvio de função? É quando um funcionário prestou concurso para uma área e atua em outra. Em geral, a área de atuação é mais especializada, mas o funcionário recebe o salário compatível com o seu concurso. Eu, por exemplo. Trabalho com séries finais do Ensino Fundamental, mas tenho concurso para séries iniciais. Para o Estado, eu sou uma vantagem econômica: recebo menos do que um professor de séries finais e não tenho as bonificações de séries iniciais. Estou abaixo do plâncton, em relação ao salário, eu sei. Mas a dona Mariza Abreu já disse que vai mexer em todos esses cargos e não vai abrir novo concurso público. Além disso, deve fechar turmas de alunos em diversas escolas, promovendo enturmação — fenômeno fundado em março de 2007, pela própria Mariza Abreu, que consiste em colocar 50 crianças em salas que comportam 25.
Bem, o Estado que se considera o mais politizado do país está se mostrando bem apático em relação a essa estapafúrdia toda. Não sabemos onde Mariza Abreu pretende chegar, mas tenho certeza que será à base de terrorismo e falta de utilidade à Educação. Ou alguém acredita que um professor, vivendo toda essa instabilidade funcional, vai conseguir dar o melhor de si numa aula?
Guarde esse nome: Mariza Abreu e nunca, NUNCA!!!! vote nessa mulher.
Ah, um adendo. Lembram que uma das melhores medidas da Educação Gaúcha era a rematrícula automática dos alunos? O aluno só precisava avisar se NÃO fosse se matricular e/ou se fosse transferido, o que facilitava muito a vida da família dos alunos… Poizé! Voltou o terror das rematrículas. Só para melhorar a gestão. Vê se eu posso com isso!
Vá fazer tricô, dona Mariza, e nos deixa trabalhar em paz!