Explicações

Sou uma pessoa bíblica. Muito bíblica.

Hoje é sábado e não fiz absolutamente nada que fosse útil. Só descansei. Descansei até do que não fiz. Não dormi mais, porque não deu: o corpo não permitiu.

Mas, minha avó ficou muito irritada com isso. Daí expliquei para ela. Deus, segundo o Gênesis, fez o mundo em seis dias. No sétimo, descansou. E viu que o descanso era bom, afinal, nem Deus é de ferro. Instituiu o descanso e a preguiça. O homem, depois, foi chamar isso de pecado capital, porque preguiça demais pode virar parasitismo.

Hoje é sábado: o sétimo dia. É o dia do descanso de Deus. Foi Ele quem deu a idéia. Eu apenas estou seguindo ordens, me tornando a imagem e semelhança Dele. Ou não iria manter essa tradição milenar?

Mais do mesmo…

Outra área que todo mundo dá pitaco, sempre, é na segurança pública. Acho que não há alguém que tenha uma receita definitiva para o problema, com exceção do Capitão Nascimento, mas também não se tem feito nada que melhore, efetivamente, essa questão.

Ninguém? Como, ninguém? Aqui no meu bairro –Bom Fim –, em Porto Alegre, o jornal da região está fazendo um serviço à segurança pública, mostrando como se deve diminuir a criminalidade; além disso, aponta os positivos números em relação à violência do bairro. Segundo o jornal Fala Bom Fim, nro. 68, de outubro/novembro de 2007, o número de roubo de veículos, roubo de pedestres, apreensão de entorpecentes e furto qualificado diminuíram consideravelmente nos últimos três meses. O que me leva a crer que eu não moro mais no Bom Fim.

Esse número parece mascarado, já que as pessoas não devem mais fazer ocorrências policiais aqui na redondeza. A chamada à patrulha policial mais recente que eu soube que tinha sido atendida, demorou 15 minutos e ocorreu na última quinta-feira (22/11/2007). Os brigadianos chegaram no lugar da ocorrência pedindo ajuda aos transeuntes para empurrar o carro. Quando viram que o carro não conseguiria ser arrumado rapidamente, acionaram o rádio, chamando outra viatura próxima. O rádio não funcionava e pifou, também. Bem, mesmo que esse fosse um caso isolado — e não é! –, é inadmissível que uma viatura policial trafegue nessas condições. Tudo bem… pode rir da situação antes de seguir o texto.

O que não é engraçado é que os brigadianos foram atender uma ocorrência em que dois ladrões estavam apontando armas na cabeça de duas pessoas numa vídeo-locadora. Ou seja, ironicamente são esses profissionais que estão nos atendendo e nos protegendo. Por toda essa negligência governamental em relação à segurança pública, quem quer, mesmo, fazer ocorrência, já que a ocorrência policial serve só para gerar estatística?

No meu prédio, nos últimos dez dias, três vítimas reclamaram de assaltos no entorno. Sem ocorrências policiais, é claro. O porteiro eletrônico do prédio na frente da referida vídeo-locadora, dias antes, foi levado por mais assaltantes. Não se pode descuidar de carro ultimamente e caminhar à noitinha, por aqui, é preocupante. Por isso, gostaria de saber onde está a instituição que garantiria a segurança pública. Se ela existe, manifeste-se, por favor. Erga os braços, mas não diga socorro!

Não sei exatamente quais são as ações do governo para que isso diminua, até chegar ao ponto de que consigamos caminhar na rua com uma certa tranqüilidade. Por outro lado, não acredito que o problema esteja ligado só à questão social, porque na Argentina, por exemplo, mesmo na época da bancarrota, não havia a brutalidade das ações dos assaltantes que se vê por aqui, hoje.

Parece que o governo e a sociedade ficam assistindo aos problemas de segurança como se fossem platéia de uma história triste; afinal, até aqui só narrei uma porção de trivialidades. Parece que impunidade e formação massiva de má índole não têm nada haver com isso, já que disso, mesmo, ninguém fala. Todo mundo fala em matar ladrão, fala em mais dinheiro para a secretaria responsável por esses problemas, fala em sistema prisional — tudo muito importante. Porém, quem é o agente da violência? É um sujeito jovem. Jovem como eu. E é a juventude, de meninos da minha idade, pouco mais novos, pouco mais velhos, que está abraçando a marginalidade. Pois quem é jovem acha mais bacana burlar regras do que cumpri-las. Fazer errado é coisa de esperto e o que qualquer guri quer é ser um bad boy. E não estou falando de um fenômeno da classe mais pobre: isso é formação social, mesmo. O filho do colarinho branco quer ser skinhead, porque acha bonito. O filho do papeleiro quer ser avião, porque, também, acha bonito. E a sociedade aplaude todo mundo que quer tirar vantagem em tudo.

E tudo acaba sendo uma engrenagem: nos roubam o celular e vamos no camelô comprar outro, que também foi roubado, mas que não era o nosso, estimulando que nos roubem mais celulares. Somos contra o tráfico de drogas, mas compramos CD/DVD pirata, fazendo de conta que não sabemos que estamos financiando a criminalidade. Não fazemos nada quando nos apontam uma arma na cabeça, porque o governo, também, não vai fazer nada, mesmo.

Todo mundo tem essa mania estúpida de ser corrupto (e/ou omisso) e achar que nada do que acontece no mundo é consigo próprio.

É aí que a negligência do governo sustenta uma queixa sem solução. Quer dizer que eu não posso comprar um rádio novo para os brigadianos chamarem outra viatura, mas posso tentar passar adiante que a inércia é a mãe de todos os vícios, inclusive da insegurança.

Mariza Abreu: guarde esse nome!

Se observarmos indicadores educacionais brasileiros, vamos falar dessa vergonha nacional e teremos horas e horas de discussões intermináveis propondo soluções falíveis e infalíveis. O Estado do Rio Grande do Sul, também, tem sua proposta, na atual gestão educacional, chefiada pela secretária Mariza Abreu que, além de lamber todos os escritos da governadora, parece querer ISO para a educação gaúcha através de terrorismo.

Não sou contra a qualidade de gestão, mas um secretário de Educação deve ser, antes de qualquer coisa, aliado de seus funcionários, não o seu algoz. Pois é aqui que vemos “o novo jeito de governar”, contemplando diretamente o que propunha em candidatura a governadora. Esse novo jeito quer ter cara de diretoria de grande empresa, mas a verdade é que a própria governadora nunca geriu nada, foi professora de universidade e, diga-se de passagem, muito mal falada. A atual secretária de Educação de Estado, todavia, foi escorraçada da prefeitura pela qual foi convocada a ser, também, secretária de Educação anteriormente, deixando seu cargo antes da metade do governo. Um fiasco, praticamente, na referida cidade.

Após menos de um ano de chefia dessa secretária, dona Mariza, estamos vivendo um terrorismo em escolas públicas estaduais. É óbvio que sempre houve irregularidades e problemas — o próprio governo anterior fez uma porção de irregularidades legais e todo mundo agora precisa recorrer à Justiça para não ser lesado –, mas ainda não se tinha visto terrorismo. E não estou exagerando!

Começamos o ano letivo com a secretária dizendo que não tem como resolver o transporte escolar. A zona rural que se ferre e nem estude, oras. Em reunião com a própria secretária, na escola onde trabalho, no primeiro dia de aula, ela disse que não entendia toda essa comoção pública com o transporte escolar, já que, quando ela era aluna, ninguém reclamava por causa disso. O que ela esqueceu de dizer é que, na época dela, transporte escolar público não era lei, nem obrigação dos governos; hoje — ou melhor, há 11 anos — é.

Outra aberração é a avaliação do ensino. Não, não sou contra avaliar o ensino, muito antes pelo contrário. Mas um Estado que reclama que não tem dinheiro nem para comprar o remendo das calcinhas fica torrando verba para fazer à moda miguelão um teste besta. Besta, porque no mesmo período o Governo Federal está fazendo um teste com indicadores nacionais. Os procedimentos da avaliação nacional são tão bons, que pode-se ver pela internet o ranking da Escola: comparando-a com sua cidade, seu Estado e seu País. Mas não importa. A secretária quer fazer sua própria avaliação, ao invés de pagar o repasse das Escolas, dinheiro que serve para manter uma escola pública funcionando.

Há, também, os cursos de diretores, que seriam muito bons, se não fossem apresentações que culminam com provinhas de marcar. O sujeito que é diretor de Escola tem mil pressões para resolver, mil exigências diárias e, como se não houvesse mais nada a fazer, pára um dia de sua vida para fazer provinha de marcar. Ora, vá plantar batatas o sujeito que inventou isso!

Agora, a última notícia que tive é a mais decepcionante. A secretária, que não tem mais o que inventar, avisou que vai acabar com o desvio de função. O que é o desvio de função? É quando um funcionário prestou concurso para uma área e atua em outra. Em geral, a área de atuação é mais especializada, mas o funcionário recebe o salário compatível com o seu concurso.  Eu, por exemplo.  Trabalho com séries finais do Ensino Fundamental, mas tenho concurso para séries iniciais. Para o Estado, eu sou uma vantagem econômica: recebo menos do que um professor de séries finais e não tenho as bonificações de séries iniciais. Estou abaixo do plâncton, em relação ao salário, eu sei. Mas a dona Mariza Abreu já disse que vai mexer em todos esses cargos e não vai abrir novo concurso público. Além disso, deve fechar turmas de alunos em diversas escolas, promovendo enturmação — fenômeno fundado em março de 2007, pela própria Mariza Abreu, que consiste em colocar 50 crianças em salas que comportam 25.

Bem, o Estado que se considera o mais politizado do país está se mostrando bem apático em relação a essa estapafúrdia toda. Não sabemos onde Mariza Abreu pretende chegar, mas tenho certeza que será à base de terrorismo e falta de utilidade à Educação. Ou alguém acredita que um professor, vivendo toda essa instabilidade funcional, vai conseguir dar o melhor de si numa aula?

Guarde esse nome: Mariza Abreu e nunca, NUNCA!!!! vote nessa mulher.

Ah, um adendo. Lembram que uma das melhores medidas da Educação Gaúcha era a rematrícula automática dos alunos? O aluno só precisava avisar se NÃO fosse se matricular e/ou se fosse transferido, o que facilitava muito a vida da família dos alunos… Poizé! Voltou o terror das rematrículas. Só para melhorar a gestão. Vê se eu posso com isso!

Vá fazer tricô, dona Mariza, e nos deixa trabalhar em paz!

Soy loca por Uds, Américas

Na semana passada, diante do evento da cúpula ibérica nas Américas, houve um momento embaraçoso e mundialmente comentado. A situação crítica aconteceu entre o Rey Juan Carlos e Hugo Chávez, em um dos desafortunados, mas não raros, momentos em que o comandante bolivariano pegava a palavra e não a largava mais. Além de ser desrespeitoso com os demais presentes, Chávez atacava terrivelmente a Coroa Espanhola, citando as possíveis intrigas do antigo primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, e do Rey relacionadas ao golpe que o presidente venezuelano sofreu. Nem o oponente político de Aznar, atual primeiro-ministro espanhol,  José Luiz Rodrígues Zapatero, aceitou a falta de respeito e de diplomacia de Chávez. Mas quem tem sangue azul, sempre se mostra como tal (hehehee). Então, o Rey Juan Carlos tomou medida populista e decidiu dizer o que todo mundo estava a fim de falar há tempos para Hugo Chávez:

“Y por qué no te callas??!!??”

O Rey Juan Carlos, por ter se referido ao revolucionário bolivariano num evento de pompa e circunstância pelo pronome TU, estava mais ou menos colocando-o no seu lugar. Isso significa que o Rey teve um momento de lucidez plena, tratando Chávez como um gurizinho novo que nem saiu das fraldas, para o nosso regozijo. Se o Rey tivesse respeito pelo líder venezuelano, ou tivesse considerado o referido evento, teria pedido o favor de Usted callar su boca. Mas, como se viu, o monarca falou com um gurizinho, tendo a autoridade máxima para si, naquele momento.

Hugo Chávez já não representa esquerda, nem é pintura de uma nova América. Cada dia que passa vejo-o mais parecido com um genérico mal criado de Hitler ou Bush. Parece-se com Hitler, pois é um ditador que foi se constituindo, não nasceu no lado negro da força, mas foi criando dentro de si o déspota; sobretudo por ser um déspota que afirma que o Povo está ao seu lado, por isso precisa defender o Povo das más elites (onde é que ele não é elite?). Parece-se com Bush, pois quer provocar os EUA para uma guerra que nem os EUA cogitam: a invasão da República Bolivariana. Isso para quê? Para elevar sua popularidade e tentar cativar os corações e mentes venezuelanos.

Se eu escrevesse para futebol, agora, diria tiranos são tiranos e vice-versa.

Mas Chávez é uma prova viva de que o ditador é uma construção humana. É uma chance de ser e de se criar, como uma planta que precisa de terreno fértil para se desenvolver.

Porém, espero que conste em ata que esse post não é uma ode à monarquia, nem a direita. Ao contrário! Esse post é uma ode ao bom senso e ao respeito mútuo, considerando a diversidade que temos hoje na América. Mas, se quisermos boas referências de esquerda, penso que nunca tivemos tão boas como as de atualmente: Michelle Bachelet, Angela Merkur, José Luis Zapatero, ATÉ o próprio Lula — que, apesar de ser uma figura bastante controversa no país, tem um reconhecimento diplomático internacional como um líder de esquerda de bom senso.

Mas, Seu Rey, boa essa! Faço minhas as Suas Palavras Reais!

Oasis

Bem, passei um feriadão em Arroio do Sal: dormir bem, comer bem, fazer nada. Vida que qualquer um pediu a Deus. Mas era apenas um feriadão e cá estou de volta a vida real. Quatro dias fora só me deram um pouco de fôlego para terminar o ano. E olha, ontem era março!

Além de fazer nada, ouvi alguma música. Nada da Nara Leão, porque esqueci de colocá-la no mp3. Para compensar, entrei em uma fase rock. The Importance of Being Idle. Estou escutando bastante essa canção do Oasis. A letra, também, é boa: “I’ll be fine, if you give me a minute, a man’s got a limit. I can’t get a life if my heart’s not in it”.

Top 3 do Oasis no meu mp3:

1. The importance of being idle

2. Supersonic

3. Wonderwall

Mas isso até a próxima semana…

“se falemo…”

🙂

Nara Leão

Conheço pouco a música de Nara Leão. A canção que segue é do Zé Ketti, cantada pela Nara. A letra é ótima e a música linda, linda, linda. Estou escutando sem parar, ultimamente. Apesar de eu não concordar muito com a letra — afinal todo mundo muda o tempo todo — eu acho muito bem construída e super bem cantada.

Procurando na mula, tem!

Opinião

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio, não.

Se não tem água, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.

Bem, o Professor Paulo me mandou a história da canção. Para quem quiser, ela está aqui!

pessoalizando, um pouco

Estou escrevendo esse blogue, seguindo a tarefa da cadeira de Projetos de Aprendizagem em Ambientes Digitais. Criar um blogue, pareceu-me muito fácil, mas escrever um blogue pessoal ainda é muito estranho e um pouco desconfortável.

É bem possível que o leitor encontre idéias pouco consistentes e antagônicas. É bem possível que alguém se ofenda, também. Explico: minhas ironias são pouco politicamente corretas. Mas acho que nem as minorias lerão o blogue.

Apesar de tudo, divirtam-se!