No último dia 2, completei 30 primaveras. Tá, para eu não parecer velha com essa frase — ora, quem conta a idade com primaveras é minha avó! — vou refazê-la.
Fiz trinta no dia 2 de janeiro.
E inesperadamente foi legal. Nasci num dia bonitinho, par. Mas, mesmo no dia par, não fiz minha mãe completamente feliz. Ela queria que eu nascesse no Dia Mundial da Paz, dia 1º de janeiro, mas eu provei que a preguiça é congênita e atrasei o plano de minha mãe. A preguiça não é culpa minha, é a minha natureza.
A verdade é que não curto muito fazer aniversários, porque, né?, nascer nesse dia é meio cruel, mas enfim, esse ano quis comemorar. Quis porque me lembrei do imaginário que os trinta anos causavam quando eu era pequena. Eu escutava que a pessoa era balzaquiana, então era uma mulher acabada, esperando a morte ou a aposentadoria — o que viesse primeiro — chegar. Quando minha mãe e minhas tias fizeram 30, eu as olhava e pensava: “coitadas!”. Sentia pena, mesmo. Achava que carreira, filhos, relacionamentos, estava tudo acabado para elas. Que elas fariam trinta e chegaria magicamente a menopausa e elas ficariam feias e enrugadas. Mas não: elas são ágeis, inteligentes e super dispostas até hoje. Por isso decidi comemorar: se a genética fez tão bem a elas, por que não faria a mim também, que nasci da mesma árvore genealógica? Além disso, carreira, relacionamentos e filhos ainda não aconteceram na minha vida, então acho que há muita juventude a ser vivida. Com quase trinta, até essas coisas de criança, os aparelhos nos dentes, coloquei. Então acabei rindo de mim e da condição de balzaca.

Mas o presente mais legal dos 30 anos não foi descobrir que a genética é generosa com minha família. Foi, sem dúvida, reencontrar fisicamente (porque virtualmente já fazia bastante tempo que falávamos) um aluno bem querido do meu estágio de Magistério, o Bruno Moura. Quando fiz o estágio, tinha recém completado 17 anos. Era um crime me deixar responsável por alguma sala de aula! Mas eu estava lá e as outras crianças (porque eu era uma) também e tinha de dar aula. É lógico que foi uma experiência muito marcante e lembro os rostinhos dos piás desde sempre. Mas eu era uma tamanca pois não sabia muito bem como ser professora, então achava que eles teriam uma recordação de mim assim como alguém lembra que conhece uma pessoa mas não sabe nem de onde.
O Bruno me deu um abraço tão carinhoso, quando nos vimos no bar, que nossa! Que alegria! É realmente reconfortante que alguém te olhe nos olhos e lembre de ti pelas melhores lembranças. Em seguida, Bruno colocou nossa foto no Facebook e algumas das “minhas crianças” se manifestaram. E falaram as melhores coisas para mim. A mensagem da Maria Aline, olha, foi bem arrepiante. Porque ninguém precisa dizer nada de especial e profundo, mas voluntariamente dizem, sabe? Se eu ganhasse todos os salários que tive até hoje, juntos todos em um montão, não pagaria nenhum desses momentos especiais.
O Bruno se tornou um homem querido, honrado e está estudando num lugar legal! Olha só e percebe como o Bruno está um chuchu com sua linda namorada! E eu estou muito feliz por ter ganhado esse presente tão querido de trinta anos!

=)