Porque preciso de (um pouco) mais do que 140 caracteres.

Queria escrever sobre dois assuntos e… fiz dois tópicos nesse post. Comentários, concordâncias e discordâncias são sempre bem-vindos. Babaquices (de quaisquer ordens), não.

 

***As gurias gaúchas dando em cima dos “gringos”***

Que baita tema, hein? 😛 A ZH divulga isso aos borbotões porque (veja só!) uma das vantagens da Copa é o fato de que pessoas solteiras encontram outras pessoas solteiras para se divertirem. Fazer uma reportagem sobre isso é engraçadinho, MAS fazer uma porção de reportagens, mandar jornalista in loco para ver as “cantadas” e desqualificar a guria gaúcha porque quer se divertir com os estrangeiros é demais. As meninas podem querer se divertir, dar umas bitoquinhas, encontrar uns gringos. E daí? Não acho nada depreciativo nisso, ainda que, por ser moradora da Cidade Baixa, ache um pouco exagerado. Qualquer saída comum na noite porto-alegrense é quase um faroeste para o lado dos meninos e das meninas e o jogo é esse mesmo. Girls just want to have fun, já disse a Cyndi Lauper (faz teeempo!) e já endossou a Irmã Cristina (olha que amor a freirinha cantando a canção: http://www.youtube.com/watch?v=Aex0f0j7EWk). É lógico que há um machismo velado nessa manifestação midiática, porém esse tema não cabe que me aprofunde, porque machismo velado é quase um imperativo. Mas as meninas que querem se divertir, sem nenhum tipo de reflexão engajada, vão deixando os machismos nossos de cada dia mais flexíveis.

 

***”Elite branca”***

Tenho pensado nesse termo e na forma como os colunistas têm comentado isso. Sei que colocar uma tarja dessa estirpe numa camada social é uma afronta e é carregada de sentimentos vingativos, depreciativos e tal. Parece que é um tentativa de acirrar a luta de classes. Não acho que toda elite seja ruim e malvada, porém não posso negar que há uma elite parasita no país e que quer crescimento sem concessão. Bem, igualdade pressupõe concessão e, se a desigualdade é tão horrível, todo mundo tem de ceder. Ok, ok, os graaaandes não estão cedendo, estão ainda crescendo e esse é um ajuste que os próximos governos teriam de dar. Nos Estados Unidos, há aquele imposto sobre grandes riquezas e grandes heranças. Veja só, um país liberal tem dessas coisas! Tente isso no Brasil!

Mas o mais grave, na minha opinião, são os comentaristas que reduzem o termo “elite branca”, como se seu leitor fosse um idiota, ou ainda, “elite” = gente rica; “branca” = descendente de europeu. “Elite branca” é um pensamento, não um grupo de pessoas, exatamente. Refere-se à ideia de que é preciso manter a classe média-alta/classe alta em destaque social e econômico, beeem longe da “casta” imediatamente abaixo.  Gente que pensa que é bonito é ser claro, que a família é pai-mãe-filhos (ainda que sejam aceitos enteados e segundos-casamentos, ufa!), que o governo não pode se meter em nada, que o sujeito que é pobre e recebe auxílio é um vagabundo, que a iniciativa privada é o que há, que privatizar é a solução, enfim, essas coisas aí. Essas ideias não são apenas de um grupo de pessoas da elite, é um pensamento de muita gente que está “abaixo”, também. O sujeito pode ser pobre, mas sua meta de vida é seguir esses ideais: é, ele também alimenta e se alimenta da “elite branca”, de certa forma.

Minha opinião é que essa ideia de “elite branca” deva ser superada. Ah, daí você se pergunta: então a Nina é contra a “elite branca”? Minha crítica reside justamente nesse hiato: sim, sou contra esse conjunto de ideias que formam parte do que se está chamando de “elite branca”. Ao mesmo tempo, acho que tachar uma classe social e aplicar vingança e rancor nela é MUITO  desprezível. É importante, principalmente nos tempos em que estamos, que a luta de classes se transforme em “apaziguamento” de classes. Primeiro, porque elas já viveram tempo demais em luta. Em segundo lugar, porque, cada vez mais, essa divisão entre as classes é difusa: econômica? social? cultural? Para concluir, só para os fins desse post, esse ódio mal organizado impede que gente que (veja só!) deseja viver uma vida modesta, sem consumismos, consiga (esse é um tema para novo post, que talvez eu nunca escreva).

Mas a pergunta que, agora para mim, é relevante: quem está disposto a largar a primeira pedra (nem estou dizendo sobre virar a outra face!)?