Na semana passada, diante do evento da cúpula ibérica nas Américas, houve um momento embaraçoso e mundialmente comentado. A situação crítica aconteceu entre o Rey Juan Carlos e Hugo Chávez, em um dos desafortunados, mas não raros, momentos em que o comandante bolivariano pegava a palavra e não a largava mais. Além de ser desrespeitoso com os demais presentes, Chávez atacava terrivelmente a Coroa Espanhola, citando as possíveis intrigas do antigo primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, e do Rey relacionadas ao golpe que o presidente venezuelano sofreu. Nem o oponente político de Aznar, atual primeiro-ministro espanhol, José Luiz Rodrígues Zapatero, aceitou a falta de respeito e de diplomacia de Chávez. Mas quem tem sangue azul, sempre se mostra como tal (hehehee). Então, o Rey Juan Carlos tomou medida populista e decidiu dizer o que todo mundo estava a fim de falar há tempos para Hugo Chávez:
“Y por qué no te callas??!!??”
O Rey Juan Carlos, por ter se referido ao revolucionário bolivariano num evento de pompa e circunstância pelo pronome TU, estava mais ou menos colocando-o no seu lugar. Isso significa que o Rey teve um momento de lucidez plena, tratando Chávez como um gurizinho novo que nem saiu das fraldas, para o nosso regozijo. Se o Rey tivesse respeito pelo líder venezuelano, ou tivesse considerado o referido evento, teria pedido o favor de Usted callar su boca. Mas, como se viu, o monarca falou com um gurizinho, tendo a autoridade máxima para si, naquele momento.
Hugo Chávez já não representa esquerda, nem é pintura de uma nova América. Cada dia que passa vejo-o mais parecido com um genérico mal criado de Hitler ou Bush. Parece-se com Hitler, pois é um ditador que foi se constituindo, não nasceu no lado negro da força, mas foi criando dentro de si o déspota; sobretudo por ser um déspota que afirma que o Povo está ao seu lado, por isso precisa defender o Povo das más elites (onde é que ele não é elite?). Parece-se com Bush, pois quer provocar os EUA para uma guerra que nem os EUA cogitam: a invasão da República Bolivariana. Isso para quê? Para elevar sua popularidade e tentar cativar os corações e mentes venezuelanos.
Se eu escrevesse para futebol, agora, diria tiranos são tiranos e vice-versa.
Mas Chávez é uma prova viva de que o ditador é uma construção humana. É uma chance de ser e de se criar, como uma planta que precisa de terreno fértil para se desenvolver.
Porém, espero que conste em ata que esse post não é uma ode à monarquia, nem a direita. Ao contrário! Esse post é uma ode ao bom senso e ao respeito mútuo, considerando a diversidade que temos hoje na América. Mas, se quisermos boas referências de esquerda, penso que nunca tivemos tão boas como as de atualmente: Michelle Bachelet, Angela Merkur, José Luis Zapatero, ATÉ o próprio Lula — que, apesar de ser uma figura bastante controversa no país, tem um reconhecimento diplomático internacional como um líder de esquerda de bom senso.
Mas, Seu Rey, boa essa! Faço minhas as Suas Palavras Reais!