Quando, FINALMENTE, aparece uma luz no fim do túnel para os professores brasileiros, alguns secretários de educação, inclusive dona Mariza Abreu (secretária de educação do RS), estão vendo inconstitucionalidade na lei.
Eu reconheço todos os problemas legais, financeiros e de aplicabilidade em relação ao aumento do salário, mas quando qualquer coisa próxima ao justo aparece, vem esse povo colocar caroço no nosso angu. Onde está, mesmo, o respeito a quem trabalha com a educação e a instrução das pessoas?
Para quem não sabe, meu salário-básico é 320 reais, e só é isso porque entrei na Justiça para ganhar um direito adquirido e não recebido, até dois meses atrás. Antes, há dois meses, era 227 reais. Para que se tenha uma idéia, hoje, eu ganho 201 dólares ou 126 euros por mês. Quer dizer, nada.
Com a nova lei, minha carga horária de 30 horas semanais não leva o mínimo dos professores, mas chega próximo. Eu vou ganhar um salário que ainda não é digno, mas é quase o dobro do que ganho hoje. E a secretária — ainda! — quer achar inconstitucionalidades na lei.
O professor brasileiro, funcionário público, atualmente, não consegue se manter sozinho, nem comprar livros, nem ir ao cinema, nem ser um cidadão autônomo. Como uma pessoa sem autonomia vai ensinar autonomia e cidadania? Como um cara que não consegue se manter vai dar aula? Que tipo de reconhecimento essa pessoa tem diante da sociedade? Eu acho que o salário não faz o bom professor, mas dá sustento para quem quer ser competente.
O baixo salário é uma vergonha para o país e os estados. Quando, finalmente, o país decide tomar uma providência, alguns estados incomodam, sem ver que são eles próprios os culpados pelas defasagens salariais há mais de vinte anos no magistério público. Lastimável. Só lastimável?