Mínimo para professores

Quando, FINALMENTE, aparece uma luz no fim do túnel para os professores brasileiros, alguns secretários de educação, inclusive dona Mariza Abreu (secretária de educação do RS), estão vendo inconstitucionalidade na lei.

Eu reconheço todos os problemas legais, financeiros e de aplicabilidade em relação ao aumento do salário, mas quando qualquer coisa próxima ao justo aparece, vem esse povo colocar caroço no nosso angu. Onde está, mesmo, o respeito a quem trabalha com a educação e a instrução das pessoas?

Para quem não sabe, meu salário-básico é 320 reais, e só é isso porque entrei na Justiça para ganhar um direito adquirido e não recebido, até dois meses atrás. Antes, há dois meses, era 227 reais. Para que se tenha uma idéia, hoje, eu ganho 201 dólares ou 126 euros por mês. Quer dizer, nada.

Com a nova lei, minha carga horária de 30 horas semanais não leva o mínimo dos professores, mas chega próximo. Eu vou ganhar um salário que ainda não é digno, mas é quase o dobro do que ganho hoje. E a secretária — ainda! — quer achar inconstitucionalidades na lei.

O professor brasileiro, funcionário público, atualmente, não consegue se manter sozinho, nem comprar livros, nem ir ao cinema, nem ser um cidadão autônomo. Como uma pessoa sem autonomia vai ensinar autonomia e cidadania? Como um cara que não consegue se manter vai dar aula? Que tipo de reconhecimento essa pessoa tem diante da sociedade? Eu acho que o salário não faz o bom professor, mas dá sustento para quem quer ser competente.

O baixo salário é uma vergonha para o país e os estados. Quando, finalmente, o país decide tomar uma providência, alguns estados incomodam, sem ver que são eles próprios os culpados pelas defasagens salariais há mais de vinte anos no magistério público. Lastimável. Só lastimável?

O que eu perdi?

Hoje, dia dos amigos é, também, na Colômbia, dia da independência do país, enfim.

Não sei se é exagero meu, mas eu não caio nessa balela de paz e etecétera que o Governo Colombiano está propagando. Bem, antes de qualquer coisa, vou me posicionar: Não sou a favor das FARC. Não sou a favor dos paramilitares. Não acho a negligência do governo do Uribe em relação aos paramilitares uma coisa louvável. O Uribe se associa aos USA e criou uma fachada contra narcotráfico, que não existe.

Todas as minhas opiniões têm a ver com essas crenças.

Não acredito que tenha sido por acaso a libertação da Ingrid Betancourt, agora. Acho, inclusive, que ela saiu do cárcere muito lindona, mas vai que esse comentário seja só um pouco de inveja feminina… 😛 Existe uma comoção muito grande em torno dessa data e tals. Aqui podes ver algo sobre o estímulo que as prefeituras tiveram para que fizessem shows nessa data. Houve shows por toda a Colômbia, além da Cidade do México e de Paris, é claro. Não sei por que, mas há coisas nessa história que me soam falsas, desencontradas e parece haver um dedinho de teoria da conspiração nesse meio todo. O Álvaro Uribe, por exemplo, olha a cara dele, um bundão. Eu não acredito que ele e o ministro da defesa dele tiveram um tino político de uma hora para outra. Há uns meses atrás, ele dizia que não negociava com as FARC. Alguém se lembra?

É obvio que eu sou pró-liberdade e que queria a Ingrid Betancourt livre. Claro, né? Não quero prisioneiros em lugar nenhum. Nem a cadeia tradicional foi feita para existir, mesmo. Ela foi feita para casos extremos, de gente incapaz de viver em sociedade. Mas eu tenho medo dessa liberdade artificial. Nem a paz, eu acredito que chegue tranqüilamente e reine entre nós. Nem na Colômbia, nem em lugar nenhum.

Mas no concerto feito em Paris — que deve ter sido lindo, ao pé da Torre — estava o cantor colombiano mais ilustre na Europa atualmente. Juanes. Até tu já escutaste ele em tema de novela! Eu adoro o rapaz há algum tempo e os hits dele são grudentos de Bogotá a Praga. Daí estava lá ele, dando mãos para a Ingrid Betancourt, pedindo paz e cantando Me enamora. E a Ingrid, como boa européia, latina e o escambau, estava acompanhando, já que esse guri é um fenômeno.

Me enamora, hoje!

Bandera de manos

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🙂