Problemas de viagem

Reproduzo, aqui, o e-mail que enviei às empresas responsáveis pelo transporte de pessoas ao litoral norte do Estado. Reenviei a mesma mensagem à imprensa local e às autoridades de trânsito.

Pode não surtir efeito, mas pelo menos a minha parte está aqui:

.

—– Original Message —–

Sent: Monday, February 11, 2008 12:05 PM
Subject: problemas no feriado de Carnaval
Olá!
Gostaria de informar sobre um problema que houve numa viagem de ônibus comum de Porto Alegre para Capão da Canoa, no dia 2 de fevereiro de 2008, com saída às 17h30, num carro extra. Meu namorado e eu tínhamos comprado os lugares 24 e 28 do referido ônibus e nos deparamos com muitos passageiros em pé — o que nos parece ser ilegal. Um de nossos lugares estava ocupado por uma moça que levava um bebê no colo e nos disse que havia comprado passagem para viajar em pé. Obviamente, cedemos esse lugar e ela viajou sentada com o bebê num assento que ela não tinha pago para usar. Porém, como envolvia a vida de uma criança, decidimos ceder e apenas um de nós viajou sentado.
A primeira dúvida que tivemos é da legitimidade de se vender passagens para os passageiros viajarem em pé. Isso é, realmente, permitido? Considerando, mesmo assim, que era um ônibus comum, que tinha muitas paradas, essa moça poderia passar 1h15/1h30 (caminho entre Porto Alegre e Osório, sem paradas) com um nenê no colo, colocando a vida da criança em risco? O agravante nessa situação é, justamente, a situação da estrada: bastante movimentada por causa do feriado de Carnaval, o que aumenta consideravelmente o número de possíveis acidentes. Pensamos que se essa moça é uma pessoa absolutamente irresponsável com a vida de um bebê, a empresa que presta o serviço, a empresa que vende as passagens e as autoridades relacionadas ao trânsito não poderiam ser, também, irresponsáveis com a vida da criança. Bem, se a legislação rodoviária permite que a venda desse tipo de passagens seja legal — o que já é um absurdo, dado que a viagem entre Porto Alegre e Osório é direta –, há outra infração, de outra legislação, que é o Estatudo da Criança e do Adolescente, e foi infringido pela referida moça, colocando a vida de um menor em risco. De qualquer maneira, a empresa responsável não poderia deixar a moça carregar a criança no colo, em pé.
Por outro lado, pensamos, também, haver má fé da referida moça. Infelizmente, quanto a isso, nem a empresa, nem as autoridades podem tomar providências, já que índole não faz parte de acordos comerciais. Porém, quando o ônibus parou em Tramandaí, vários lugares ficaram vagos e ela entregou o bebê para alguns amigos que haviam sentado (pois estavam viajando em pé), mas não devolveu o lugar para o meu namorado, que viajou em pé para zelar pela vida da criança. Assim, parece que levar a criança no colo foi premeditação para conseguir um assento, sem ter pago efetivamente por isso.
Entendo que não é possível saber se o passageiro levará ou não algum menor no colo, porque isso não fica claro na venda de passagens. Porém, mesmo considerando a época de Carnaval — onde todos sabemos que a Estação Rodoviária fica caótica –, é importante que haja fiscais no fechamento de cada ônibus, para que não ocorra um acidente maior envolvendo falta de resposabilidade e insegurança, nem uma aberração como essa que infelizmente presenciamos. Da mesma forma, pensamos que se não há fiscais, deveria haver autoridade responsável, porque essa moça poderia ser processada por atentar contra a vida de um menor; que, por sorte, não sofreu nenhum dano, já que cedemos o lugar para que a criança pudesse viajar com segurança.
Não queremos, com essa mensagem, mostrar que tivemos uma atitude correta, mas nos impressiona como a falta de respeito e de cuidado com a vida de um menor passa batido aos nossos olhos. E é um absurdo que não haja nenhum órgão competente para repreender essa moça.
Espero que esse tipo de constrangimento não ocorra mais nesse Estado. Não queremos, todavia, ser ressarcidos de nada, apenas queremos ter a certeza de que viajar para a praia num feriado de Carnaval pode ser seguro para todos os passageiros, inclusive para as crianças ali presentes.
Nina Antonioli

Autor:

Dinda, tia e "sora". Uma mulher ordinariamente comum, que tem qualidades simples e defeitos reles.

3 opiniões sobre “Problemas de viagem

  1. São nas pequenas ações que percebemos o caráter das pessoas. Aqueles que se desviam nas situações mais insignificantes, inevitavelmente o farão nas mais representativas. Já aqueles que se comportam retamente nas insignificâncias, estes poderão ser espelhos de virtude nas grandes questões da humanidade.

    Não discuto o mérito. Parabéns por fazer a tua parte.

  2. Precisamos de muitos, muitos brasileiros com a sua têmpera (já caiu em desuso) mas, mostra que o que falta em nosso país é justamente essa coragem de lutar, agir e transformar o mundo em que vivemos.
    Parabéns, meNINA !
    Que Deus a abençôe: Vó Zuzita.

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