Dia de hoje

Burocracias na Universidade: milhões de papéis e processos para providenciar ao longo do semestre, se eu quiser me formar em julho.

Já leste os outros posts?  Então não perde tempo!

Finalmente um Bigui Bródi

Hoje eu assisti alguns programas da Rede Globo ao longo do dia e percebi que a programação está minada de drops sobre o que acontece no BBB. Se o cidadão não quer ver ou saber o que se passa no BBB, mas quer ver a receita da Ana Maria Braga, por exemplo, não consegue; porque o BBB aparece no Mais Você, no Vídeo Show, na Sessão da Tarde, no Jornal Nacional… Puxa! É uma over!

Daí, sem ter visto nenhum capítulo dessa suposta novela de vida real, soube que ontem houve um paredão que tirou um entre dois Rafael’s. Esse era apelidado de Galego. E esse Rafael Galego apareceu o dia todo na TV, sendo exibido, assim, como na canção do Los Hermanos (Olha lá quem vem do lado oposto / E vem sem gosto de viver / Olha lá que os bravos são escravos / Sãos e salvos de sofrer / Olha lá quem acha que perder / É ser menor na vida): um vencedor que ontem perdeu.

A palavra que o cara mais repetiu nas entrevistas sobre seu estado de espírito era “tranqüilo”. E o pior: parecia, mesmo. Parece que esse cara foi mesmo para o Bigui Bródi para ver, de verdade, como é viver essa pressão e, se desse, levar um milhão. Dei uma consultada no perfil do cara e ele foi tirado do programa, ao que tudo indica, por falta de querer lutar pelo prêmio. Ora, parece que esse foi o primeiro participante que decide ser ele mesmo, viver como ele mesmo e acaba sendo mal visto pelo público e pela produção do programa, por tabela — ou será vice-versa? Então declaradamente o programa mostra-se que tem por meta dar crias de celebridades instantâneas, instituir bacanas os exibicionistas de plantão e aplaudir criadores de caso eventuais. Já que ele não foi nada disso, fica a frase de que não lutou pelo prêmio, ou não estava nem aí para esse lance gigante de BBB. O cara que mais parecia não estar afeito a nada disso, sendo, portanto, mais sincero com o que é na vida cotidiana, foi mostrado como um blasè que desdenha a fama e o sucesso. E Galego fez-se um sujeito normal e Deus-BBB viu que isso não era bom.

Quando Pedro Bial lhe perguntou se ele tinha ido ao Bigui Bródi para ser artista, ele disse que a arte dele era outra — já que estuda para ser médico. É óbvio que tudo isso pode soar oportunista, e isso o tempo dirá, mas eu ainda não tinha ouvido falar de situação semelhante. O cara não se curvou a forjar um personagem numa intriga fictícia qualquer, em nome de aumentar o Ibope. E, talvez, para sua sorte, nem tenha tido tempo para isso.

O argumento de que as edições favorecem alguns e desfavorecem outros é fato, mesmo que precise-se de uma edição para que o programa exista — seja ela qual for será tendenciosa. Ou os participantes deixam de fazer nada o dia todo para criar situações-problema com o propósito de aumentar a audiência? Não, não. Eles não são tão entendidos em relação ao marquetchim do produto BBB.

Mas acho, mesmo, que nem a edição desfavoreceu Rafael Galego: acho que esse cara devia ser normal demais para ser Ibope. Enquanto todo mundo quer ser uma celebridade instantânea, um detalhe brilhante de zé-ninguém, um reconhecido por ter aparecido na TV sem ter feito nada, o Galego se pôs no seu lugar e foi um nada e um nada. Sem nem se arrepender. Já que ele não renderia intriga, maldade, jogo sujo, putaria e ócio negativo, que saia mesmo! Pois público não quer se ver na TV, nem quer ver um homem real, sem nenhum préstimo para fazer cena falsa de folhetim sem enredo.

Apesar de eu não ter visto nenhum dia o BBB, estou solidária ao Rafael Galego. Só não lhe dou meus parabéns, afinal, “por que diabos esse cara se inscreveu nessa merda?”

E tu? Estás torcendo para qual BBB, hein?

galego.jpg